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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Minha Índia Kariri.


Ah, lá vai ela com sua saia rodada.
Com os pés descalços e atolados na areia.
Dança com as ondas do mar e
cirandeia, ela, que até encandeia.

Pela lisa como jambo e
olhos cor de jabuticaba
Dos cabelos, os cachos correm soltos
e nas orelhas, brincos de pena de jandaia.

Canta macio como o uirapuru,
mas é tão valente quanto o maracajá.
Personifica em meu desejo, eis tu,
oh Índia Kariri do meu ceará!

Israel Cintra

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ao meu desejo



Ah, não me vens com beijos saturados.
Dai-me apenas carinhos roubados.
Toques trêmulos, daqueles que se sentem quando teu coração dispara.
Quando a adrenalina possui teu corpo, quando meu olhar toca em t'alma!

Não tornas ameno nenhum afago que, por desejo, tu virdes a receber de mim.
Atira-te em meus braços e deixas que meu amor te consuma do começo ao fim.
Desliza tuas mãos sobre meu rosto. Sente cada cada expressão que possa vir a ter.
Oras um sorriso, oras um anseio, oras minha boca aos beijos!

Quero afogar-me em uma dança contigo naqueles salões já esquecidos,
mas que seja um ritmo quente, um tango. Algo que só a gente sente.
Uma passada d'uma paixão insaciada, quase uma dança inacabada!
Tambores frívolos, viola demente. Algo que só a gente sente.

E ao final da noite, quando em teu travesseiro repousardes, veras que estarei contigo.
Contornando cada pedaço de teu corpo. Serei braços e mãos!
Serei olhares, beijos e um pulsante, um inquieto coração!

Israel Cintra

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Mãos!



Já não consigo controlar minhas mãos.
Ora desejo, ora inquietação.
Mãos bobas, estas!
Deslizam sobre tudo o que vêem.
Impulsivas, frenéticas, voluptuosas!

Lambem todo meu caminho,
passam sem deixar vestígios!
Enxergam mais do que muitos,
essas mãos bobas que se enrugam no frio.

Elas falam comigo,
mesmo sem dizer nada.
Prefiro que assim seja,
aquelas que gritam tocam em tudo,
mas nunca dizem nada!

Enxergo mais do que quem ver,
pois em minhas mãos posso confiar.
Olhos são traiçoeiros
e, a qualquer hora, podem te enganar!

Sentem a vibração do samba;
o sapatiado; o mambo.
Filmam, fotografam. Registram tudo.
São meus olhos, minha tela, a janela
para mundo.

E, ah, queridas pegadoras,
o que seria de mim sem vocês?
Passaria a ser cego, mas cego de vez!


Israel Cintra

domingo, 27 de setembro de 2009

Sempre chovia.


Debruçado na janela, embrulhado em receios,
enclausurado dentre sonhos.
O menino espreitava a janela abrir.

Mas lá fora sempre chovia!

Assustado, o menino ficava inerte na janela.
Parado. Apenas vendo o mundo rodar.
Queria, ele, ser livre. Ser um pássaro, ser
alguém que pudesse, com o mundo, ludibriar.

Mas lá fora sempre chovia!

Os olhos eram pequenos, espremidos e inquietos,
diga se de passagem. As mãos queriam tocar
o céu, a terra, sentir o viso da relva!

Mas lá fora sempre chovia!

Os outros sempre estiveram lá,
os outros sempre brincaram lá,
os outros sempre sorriram lá!
Os outros, os outros...

Mas para o menino, lá fora sempre chovia!

Ele cansou!
Quebrou o vidro, pulou a janela, mas o mundo não mais rodava.
Chorou, esperneou, fez de seus gritos, trovões;
da sua vontade apenas uma ilusão, da sua vida um
simples clarão.

O menino tornou-se um velho enrugado, com
os olhos afadigados, com as mãos trêmulas, com
o coração já torturado.
A esperança secou, o velho chorou, mas o mundo
não conseguia mais rodar!

Mas lá fora, ainda chovia!


Israel Cintra

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Massivo desencanto.



E nesse massivo desencanto,
onde, inerte, cantam os pássaros.
Faço-te uma parte de mim,
oh, precosse gostar de amizade.
Matura, eufemisa, firma.
Semeia os grãos que, inferteis, crescem no concavo
de tuas mãos.
E hoje, falo sem ressaca.
Amizade é um ser que brota em pedra.
Fura, deita e cresce.
Lanço-te ao sol de minha amizade e
fazer-te-ei, tal ou melhor, que fostes antes.
E enquanto ela teimar em brilhar,
continuarei alimentando essa fagulha.
Acolho-te em mim.
Faz-te-ei minha carne, meu sangue, meus sonhos.
Es, tu, sempre, meu lado bom.
Nunca deixarei apagar aquele fogo
que, fielmente, teima em reaquecer nossas vidas.

IsraelCintra

segunda-feira, 20 de julho de 2009


Ah, saudade, só tu pra matar-me aos beijos.
Ontem, ao despertar, senti o cheiro da terra molhada,
o gosto do pão, a relva sobre meus pés.
Senti o calor dos braços da minha mãe, a textura do velho cobertor, que,
já surrado pelo tempo, gardava-me em sonhos.
Do alto do pé de manga, o suco, em minha boca escorria, as folhas caiam,
o dia já estava para acabar.
Oh, lua, já que, es tu, insaciada pelo tempo, não deixes que eu cante
os lamentos, da vida que hoje, tão sofrida, tenho que carregar.
Aonde foi as horas que esguiavam-se imploridas para o dia não acabar?

Israel Cintra

domingo, 19 de julho de 2009


Cospe, cospe bem fundo. Faz soterrar a ira, que, outrora, caminhava sobre minha cabeça. Queima, queima as azas da compaixão e cauteriza logo essa dor, fúnebre dor. Comes a raiz do meu calvário. Regurgita meu amparo. Litigía minha paz e faz, faz meu carroceuzinho rodar. Ah, adoro o gosto, o sabor da vidinha que tu, tão mediocremente, me atribui. Talvez devesse ligar, quem sabe eu até ligue, mas não vale a pena. Não vale a pena sujar, borrar, destruir e por fim esfaquear, cortar de vez todo o bem, que sua vida fora da minha, me fez.
Israel Cintra